sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Concerto para canetas mamulengas

Desenhei mantras para bandidos em festas cegas
Tive as costelas lambidas pela obsessão
Órfãos me confundiram com rumos
Rasguei-me na estrada de céus sedados
Para me doar nos retalhos devotos

Uma coleção de estrelas ferozes
Beirou a armadilha das minhas lunetas
Seqüestro encantos calamitosos
Clamores para estripar os sentidos

Não posso ser impune
Nadarei em cacos espasmódicos
Para dourar o espelho

Eu preciso saber da piscina
Nas tripas dos registros

A ternura vem como nota de chicot
eO desejo ou alquimia das cóleras
Irmãos siameses brincam no escorregador dos perigos
Pularei do edifício da palavra santa
O repertório é uma crueldade
Vestida de seda vertiginosa

Isso é o tic-tac do transe
O azul escarlate golpeia os mais frágeis
Meu golpe é nascer a cada meia-hora
Sem concha ou tapas para respirar
Ou pleno excesso de paixão internada na minha voz

Meu pulmão de aço só tocará violinos
Após um gesto delirante
Qualquer ser munido de um peito arrebentado
Desenhando-me alcovas beatas

Estendo notas ardilosas para uma última visão
Teus eclipses surrados na minha caligrafia

2 comentários:

bittarpoeta disse...

Criança
Você cresceu
Parabéns
Gostei de tudo que li
Um grande abraço
ABittar
poetadosgrilos

Ricardo Passos disse...

Uma das melhores poetizas que conheço. As palavras arquitetam o caos, mas é possível repousar no movimento embriagado dos versos.

"Tive as costelas lambidas pela obsessão". Essas construções malucas é o que eu mais admiro em poemas seus. O mesmo arrepio que me causa ler Poe, me acomete ao ler seus textos.

 



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