I
As rasuras coaguladas me aprisionam
Em entregas adormecidas
O plano étereo decodificado nos músculos sádicos
Siglas enforcadas
Esses são os olhos massacrados do meu amor
A tentativa de fuga me espia pela janela
Quimeras gelatinosas serrando a mandíbula das palavras
que escorrega dos muros não digeridos
Há um pântano no céu de nuvens roxas
O que escorre destes tubos alucinados
Me desperta com a ossatura do silêncio
Cada víscera dissecada
É o presente que me escapa
Nas tardes infantis
Em que esquecemos nossos óculos em abismos apaixonados
Desconfio que teu bisturi
Apronta armadilhas no meu crânio
enfileirado nas paredes de seda
E nosso relatório de conclusões
Respira um ar perigoso
Não há medicina que nos salve
Dos corpos desistegrados e magnéticos
que sabem tudo sobre nós
que nos mastiga com ruídos impiedosos
Para isso,não há descanso,nem suporte
Vide anexo para minhas ilusões mais tristonhas
Não há salvação para o corbertor da tua pele
Nem para a cortina de órbitas sagradas
Esse estudo não tem fim
Ilhada,adianto as costuras
Permaneço fotografando a morte
II
Maculado e inacessível
O ventre dos pertences das moscas
que batem na minha porta
exigindo compreensão
ruminando asas doces e cruéis
Escuto a mesma música
Na tentativa de resgate de batimentos viciados
Tenho munição o suficiente para suportar cada beijo
Interrogações de esfinge leitosa
Tenho êxtase o sufiente para me arrebentar deitada
Repetições aleatórias são a chance
de desvendar o anagrama das serpentes
E paralisar minha idéias de roda-gigante
O arrepio maquinário de línguas atômicas
O arrepio da lucidez dos chicotes
eles sorriem para cada laceração
é tão tarde para escrever
e eu ainda nem comecei
Faço das ruínas meu confessionário
E de cada palavra um leque impossível
As estátuas escrevem em seus diários nauseantes
E não consigo pertencer a nada
Impregnada do sentimento de Unidade